Cesario Alves
Ensaio Fotobiográfico
 Isaura Adriano, Carlos Adriano e Olinda Pires, 1998. Fotografado por Cesário M. F. Alves.  / Isaura Adriano, Carlos Adriano and Olinda Pires, 1998. by Cesário M. F. Alves.

 

 

 Carlos Adriano, s/d. Autoria desconhecida.
/ Carlos Adriano, no date, authorship unknown.


 

CARLOS ADRIANO (17/12/1906 – 16/06/2000)
PARTE 1, 17/12/2006 

O fotógrafo Carlos Adriano nasceu há 100 anos. As suas fotografias, bem como as de alguns dos seus familiares que enveredaram pela mesma profissão, formam uma boa parte da história de Vila do Conde documentada em imagens do século XX.
Este ensaio é um contributo para uma possível biografia, incidindo mais na escrita com imagens do que com palavras. Como tal, é necessário esclarecer que estamos perante um trabalho inacabado. Muitas são as histórias a desvendar sobre as fotografias de Carlos Adriano. Pode dizer-se que, em Vila do Conde, cada pessoa terá uma para contar e muitas outras se podem ler nas próprias fotografias.
Carlos Adriano, filho do fotógrafo Joaquim Adriano, viveu a sua infância numa época em que a arte e o comércio da fotografia floresciam. No tempo de seu pai, surgiram as primeiras indústrias de equipamentos e consumíveis fotográficos e instalaram-se os primeiros estúdios comerciais, que sobreviviam, principalmente, do retrato.

 

/ PART 1, 17/12/2006
Photographer Carlos Adriano was born 100 years ago. His photographs (as well as some of his family members who also became photographers), make most of the city of Vila do Conde’s photographic archive of the XX century.

 

This essay is a study for a biography. Many stories could be unravelled in Adriano’s photographs and a serious investigation is still to be undertaken around this legacy. This is just a start, an unfinished work

Carlos Adriano, son of photographer Joaquim Adriano, lived his childhood in a time when the industry and commerce of photography was blooming. Early photography studios made their business mainly from portraits, such was the case of Adriano’s studio.

 

Pessoa não identificada, s/d. Fotografado por Joaquim Adriano.
/ Unidentified person, no date, photographed by Joaquim Adriano.

 

Numa entrevista a um jornal local, em 1991(1), Carlos Adriano referiu que o seu pai pintava retratos a óleo, antes de ter frequentado, no Porto, conjuntamente com o seu primo João, um curso de fotografia. Terminada a formação, ambos se estabeleceram na Rua de S. Bento, abrindo aquela que seria a primeira casa de fotografia de Vila do Conde.
Mudaram-se, mais tarde, para a Rua da Misericórdia, onde o estabelecimento permaneceu até pouco antes do falecimento de Carlos Adriano, em 16 de Junho de 2000. A designação comercial desta casa foi-se alterando com o passar dos anos, ao sabor dos ventos políticos (2).
Este percurso, da pintura para a fotografia, era natural. A 19 de Agosto de 1839, na Academia de Ciências francesa foi divulgada a descoberta do Daguerreótipo como sendo o primeiro processo viável e permanente de capturar imagens na câmara escura. Nos cinquenta anos que se seguiram a este anúncio público, as técnicas de registo fotográfico evoluiram e simplificaram-se. Muitos pintores se converteram aos novos processos de produção de imagens, por curiosidade ou por uma questão de sobrevivência. A fotografia depressa se apropriou do encargo de fazer os retratos, sendo a sua forma mais popular as cartes de visite. Os pintores trouxeram à fotografia o seu gosto e conhecimento da luz, perspectiva e composição. Desde então a pintura e a fotografia nunca mais deixaram de se influenciar mutuamente.
Nas últimas décadas do século XIX, assistiu-se a um desenvolvimento da indústria fotográfica, directamente relacionado com a comercialização alargada do retrato burguês (3). Ao longo do século XX, a fotografia democratizou o acesso e o gosto pelo retrato, a todas as classes. No legado da casa Adriano também se verifica esta predominância do retrato.

 

Pessoa não identificada, s/d. Atribuida a Carlos Adriano.
/ Unidentified person, no date, attributed to Carlos Adriano.

 

 
No seu depoimento ao Informação Vilacondense, em 1991, Carlos Adriano forneceu diversas pistas para a compreensão da relação da família Adriano com a arte, a técnica e o comércio da fotografia.
Constata-se, assim, que Joaquim Adriano (pai de Carlos) e João Adriano (seu tio) iniciaram a actividade comercial, provavelmente na última década do século XIX. Depois do falecimento de seu pai, em 1926, Carlos manteve o estabelecimento, onde viriam a trabalhar também o seu irmão Pedro e, mais tarde, o seu sobrinho Eduardo.

 

/ In an interview for a local newspaper in 1991, Carlos Adriano tells that his father was a painter of portraits, before attending a workshop of photography in the city of Porto, with his cousin João. After that, they both opened the first photographic studio in Vila do Conde in late 18th century.

 

After his father’s death in 1926, Carlos kept the studio and followed the business, where brother Pedro and nephew Eduardo also have worked.

 

Carlos Adriano (à direita), com amigo Avelino Lima, fotografados na Estação Aquícola de Vila do Conde, s/d. Autoria desconhecida.
/ Carlos Adriano (right) and friend Avelino Lima. No date, authorship unknown.

 

Carlos Adriano, s/d. Autoria desconhecida.
/ Carlos Adriano, no date, authorship unknown.

 

 

Carlos Adriano foi o principal rosto e a imagem da casa de fotografia com o nome da sua família. Ao longo de mais de 60 anos esteve presente em quase todos os eventos sociais e políticos significativos em Vila do Conde, onde conheceu e privou com os protagonistas da política, da arte e da ciência.
 / Carlos Adriano was the face of the studio with his family’s name. For more than 60 years he attended the most important social and political events of Vila do Conde, where he made acquaintance of the intelectual and political figures.
In August 1928 was first published the the monthly magazine “Vila do Conde”, dedicated to art, literature, arqueology and general matters, directed by Carlos Adriano. Carlos was then 22, his father had disapeared 2 years before and his mother 5 years before.

 

 

 

Em Agosto de 1928, foi publicado o primeiro número da “Vila do Conde”, revista mensal dedicada à literatura, história, arqueologia, arte e informação em geral, de que Carlos Adriano foi director e editor. Esta revista, ilustrada com fotografias da sua autoria, apresentava 9 páginas de conteúdo publicitário, incluindo a “Fotografia Carlos Adriano”. Como colaboradores tinha, entre outros, José Régio, João Canavarro, Cunha Araújo e Duarte Silva.
Carlos tinha então 22 anos, seu pai tinha falecido há dois anos e sua mãe, Emília, há cinco.
Existiram duas outras casas de fotografia com o nome da família Adriano. Uma em Luanda, Angola, propriedade de Fernando Adriano, filho de Pedro. A outra, de Pedro Adriano surgiu em Famalicão. Nos seus últimos tempos (anos ‘60), este estabelecimento funcionava só no dia de feira semanal. Pedro fotografava e trazia as encomendas para trabalhar, em Vila do Conde.
 

Over the years there were actually another two photographic studios with the family name, one in the city of Famalicão, operated by Pedro Adriano and another in Luanda, Angola, belonging to Fernando Adriano, son of Pedro.

 

Foto Adriano em Famalicão, s/d. Atribuida a Pedro Adriano.
/ Foto Adriano in the city of Famalicão, no date, attributed to Pedro Adriano.

 

Fotografia Adriano em Vila do Conde, s/d. Atribuida a Carlos Adriano.
/ Fotografia Adriano in Vila do Conde, no date. attributed to Carlos Adriano.

 

 Inauguração do bairro social Delfim Ferreira, 1951. Fotografado por Carlos Adriano.
/ Official inauguration of social housings, 1951. Photographed by Carlos Adriano.

 

 

Em 1993, a Câmara Municipal de Vila do Conde adquiriu o espólio da Fotografia Adriano. Quatro anos depois, ainda se  encontraram imensos negativos, de diversos suportes e formatos, com a clara evidência de autoria de Pedro Adriano. Estes negativos, foram descobertos num canto escuro do sótão da casa da Rua da Misericórdia, impregnados de pó e variadas contaminações.
Na época decorria, em Vila do Conde, o Curso Profissional de Conservação e Restauro de Documentos Fotográficos, promovido pela Câmara Municipal e orientado por Vitória Mesquita e José Pessoa, do Instituto Português de Museus. A Câmara contratou três técnicos, provenientes deste curso, que se dedicam até hoje a conter o avanço da degradação das espécies fotográficas que formam este precioso arquivo. Contudo falta uma intervenção mais profunda.

 

 

 

 

 

RELATO NA PRIMEIRA PESSOA

/ FIRST PERSON SPEECH

Quando conheci Carlos Adriano e a sua mulher, Isaura, o estabelecimento ainda estava aberto ao público. Não tenho a certeza de ter estado lá antes dessa data, mas tenho a sensação que sim. No futuro, quando o imenso acervo adquirido pela Câmara Municipal ganhar a visibilidade que merece, talvez descubra um retrato meu nos álbuns que sobreviveram.

 

/ When I met Carlos Adriano and his wife Isaura, the place was still open to the public. They lived at the top floor and the whole ground floor was occupied by their business. I made pictures of them and of the space. There was a reception area shared with a work space near a window towards west. In this corner Carlos spent hours retouching negatives with graphite and lots of little secrets.

 

 

 Estúdio da Fotografia Adriano, 1993. Fotografado por Cesário M. F. Alves.
/ Adriano Studio, 1993. By Cesário M. F. Alves.

 

 

Desde então, visitei-os com alguma frequência e fotografei o espaço comercial da casa. Este incluía uma área de atendimento, que era partilhada com um espaço de trabalho virado para uma janela e um pátio a poente. Neste lugar efectuava-se o retoque de negativos a preto e branco, com lápis de grafite e uma infinidade de pequenos segredos.

 

/ The studio, in the center of the space, had a transparent glass ceiling with curtains to have control over the light coming from above and the north side. The background was a hand painted monochromatic canvas with a faint landscape, which gave a subtle fantasy to a considerable amount of portraits. There was a big wood camera on a heavy stand on wheels, with a Voigtlander Braunschweig Apo–Lanthar f4.5 / 30 cm lens, that could make negatives from approximately 4,5 x 6 cm to 25 x 30 cm. Some negative holders would allow to expose half the surface at a time with a change of position and made two different portraits reversed to each other on the same negative. 

Near the studio, towards south, there was the deposit of most of the negatives accumulated over the years, most of them were not well preserved, it was a wet room without windows. There were negatives of 6x9cm, 9x12cm and 13x18cm formats found in the hundreds of boxes of negatives left.

 

 

 Aniversário de Carlos Adriano, 1996. Fotografado por Cesário M. F. Alves.
/ Carlos Adriano anniversary, 1996. By Cesário M. F. Alves.

 

 

O estúdio estava coberto com vidros e cortinas, filtrando a luz natural que entrava por cima e pelo lado norte. Como fundo fotográfico, era utilizada uma tela pintada à mão, esbatida e monocromática, que atribuiu uma fantasia subtil a muitos retratos.
No espólio da Fotografia Adriano existem negativos de diversos formatos executados neste estúdio, mas predominam os de 6x9cm, 9x12cm e 13x18cm. Muitas vezes, um negativo apresenta dois retratos, encontrando-se um, invertido verticalmente em relação ao anterior. Esta técnica de aproveitamento do negativo consiste em tapar metade da sua superfície,  enquanto se expõe a outra. Nem sempre a outra fotografia era da mesma pessoa, revelando que, por vezes, não havia sequer uma exposição de segurança. A câmara de estúdio, de grandes dimensões, construída em madeira, com uma objectiva Voigtlander Braunschweig Apo–Lanthar f4.5/30cm, permitia fotografar com grande versatilidade, negativos do tamanho 4,5x6cm até próximo de 25x30cm.

 

 

 Pessoas não identificadas,1936. Atribuido a Carlos Adriano.
/ Unidentified persons, 1936. Attributed to Carlos Adriano.

 

 

Num depósito situado nas proximidades do estúdio, encontrava-se uma grande quantidade de embalagens de negativos e papel fotográfico, parte dos quais se encontrava em mau estado. Era um lugar húmido.
Naquelas caixas de cartão, havia centenas de negativos revelados, em suportes diversos, predominando o vidro e películas contemporâneas, mas também alguns nitratos e bi-acetatos de celulose. Algumas caixas continham datas, temas e outras anotações, escritas à mão.
Demorei-me a observar como, há muitas décadas, se desenhavam as embalagens de produtos fotográficos. Os pequenos detalhes de impressão, as gravações em relevo, as tintas e tipos de cartão, a tipografia utilizada, a evolução de imagens gráficas de determinadas marcas conhecidas de produtos fotográficos. Foi irresistível reencontrar o tempo, abrindo algumas destas caixas de surpresas e segurar negativos grandes, de vidro, contra alguma superfície clara para ver o que a transparência mostrava.

 

 

 Fotografia Adriano, 1993. Fotografado por Cesário M. F. Alves.
/ Adriano Studio, 1993. By Cesário M. F. Alves.

 

 

Ainda no lado sul e a oeste do estúdio, estavam os laboratórios de negativos e de impressão, desarrumados, manchados de químicos fotográficos. Havia trabalhos inacabados por todo o lado. O laboratório de impressão tinha janelas com vidros de um vermelho denso inactínico, que permitiam aproveitar e filtrar a luz natural.
Todo o lado poente atrás do estúdio era um depósito desorganizado de negativos de vidro e impressões em papel, enroladas de tanto calor e luz. Toda esta área de trabalho tinha sido concebida para ser o espaço de secagem dos materiais acabados de processar, por isso tinha enormes janelas envidraçadas. Durante o seu periodo de trabalho mais activo (até ao final da década de ‘80) tudo deve ter funcionado bem.

 

/ Still on the south and west side of the studio there were the film developing and printing labs. The printing lab had red glass windows filtering the natural light. In the back of the studio a room with big glass windows towards west, was the space to dry negatives and printing paper. Everything was full of prints, film and all kinds of materials completely molded and eroded by sun light, dirt and abandon.

Os amigos referem que Carlos concebeu a sua própria casa/estúdio, contudo, nunca a conseguiu acabar. A habitação era no piso superior, enquanto que, no rés-do-chão, se situavam a loja, o atelier de retoque, o estúdio e os laboratórios. Os espaços eram amplos e funcionais, não obstante se encontrarem muito degradados, nos últimos anos de funcionamento.
Eduardo, sobrinho de Carlos Adriano, faleceu em 1987. Desde finais da década de ‘70 que Eduardo assegurava a resposta a muitas das solicitações comerciais. Carlos, que tinha então 81 anos, perdeu este apoio e, na família, mais ninguém enveredou por esta profissão.

 

Eduardo, Carlos nephew, passed away in 1987. Since late seventies Eduardo did most of the commercial work. Carlos, 81 at the time, lost this valuable help and had no one else to follow his business. He kept the studio open for a few more years, until his illness made him retire.

Quando encontrei Carlos Adriano pela primeira vez  a sua saúde estava já muito debilitada. Falar representava um grande esforço, murmurava, comunicava com o olhar, com o sorriso, com uma frase aqui, outra ali. O acesso a uma certa intimidade da rotina dos seus últimos dias devo-o a Isaura Adriano, e ao  amigo que temos em comum, Albino Gomes.

 

 

 Carlos Adriano, 1910-1912. Fotografado por Joaquim Adriano.
/ Carlos Adriano, 1910-1912. By Cesário M. F. Alves.

 

 

MATÉRIA PRIMA
/ RAW MATERIAL

 

Parte das imagens que motivaram este trabalho biográfico provêm da caixa de fotografias pessoais de Isaura Adriano. Momentos da juventude de Carlos Adriano e da sua vida social adulta, antes e depois do casamento de ambos, em 1971. A autoria de muitas delas não está determinada.
As marcas da deterioração química e do desgaste da manipulação e do tempo nas fotografias, são aqui reproduzidas conforme se encontraram, como se fossem camadas pictóricas que reforçam o carácter de cada uma.
Neste trabalho há também fotografias, gentilmente cedidas por amigos e familiares e, naturalmente, pelo arquivo da Câmara Municipal de Vila do Conde, onde foi depositado todo o espólio.

 

/ Most of the photographs that support this essay were selected from Isaura Adriano’s box of personal memories. Moments of Carlos youth and his adult social life, before and after their marriage in 1971.

In this work there’s also photographs kindly lent by family members, friends and the archive of Câmara Municipal de Vila do Conde.

 

 

1) In “Informação Vilacondense”, 14/03/91

2) Carlos Adriano, no seu depoimento ao Informação Vilacondense,  relata: (…) meu pai estabeleceu-se nesta casa da Rua da Misericórdia com a Fotografia Progresso, nome este que, julgo devido ao facto de ser simpatizante do então partido progressista. Mais tarde, a casa chamar-se-ia Fotografia da Casa Real, por alvará régio concedido pelo rei D. Carlos I. Depois com o advento da República, mudaria para Fotografia Popular e mais tarde para Foto Adriano, designação que se mantém até aos dias de hoje. (…)

3) Como refere Pedro Miguel Frade, na introdução do livro Fotografia e Sociedade, de Gisèle Freund (edição: Vega).

 

 

 

 Quarto de Carlos e Isaura Adriano, no lar da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde, 1998. Fotografado por Cesário M. F. Alves.
/ Isaura e Carlos Adriano’s room at Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde (nursing home), 1998. By Cesário M. F. Alves.

 

 

 
Isaura e Carlos Adriano, 1997. Fotografado por Cesário M. F. Alves. / Isaura and Carlos Adriano, 1997. by Cesário M. F. Alves.

 

 

 

 
Exposição na Solar, Galeria de Arte Cinemática de Vila do Conde, Portugal, Dezembro de 2006.
/ Show at Solar, Galeria de Arte Cinemática of Vila do Conde, Portugal, December 2006

 

 

 

 

 

 

Adriano – Ensaio Fotobiográfico / Adriano – Essay for a photo biography
 
 
Fotografias, video e texto / photographs, video and text:
Cesário M. F. Alves
 
 
Contribuições / collaborations:
Albino Gomes
Artur do Bonfim
Fernando Azevedo
 
 
Agradecimentos especiais / special thanks:
Isaura Adriano
 
 
Conservação, Reprodução e Impressão fotográfica / photographic conservation and printing:
Sara Claro (A. M. V. C.)
Marta Fonseca (A. M. V. C.)
Joaquim Gomes (A. M. V. C.)
 
 
Patrocínio / sponsorship:
Câmara Municipal de Vila do Conde
 
 
Apoio / support:
Solar, Galeria de Arte Cinemática
Serviços de Fotografia e Curso de Tecnologia da Comunicação Audiovisual do Instituto Politécnico do Porto
 

 

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